O perigo das canetas apagáveis

As canetas do demônio e o que restou de uma das páginas das minhas anotações.

Esse post é um alerta que faço a todas as pessoas que, como eu, foram seduzidas pelas canetas apagáveis. Já as utilizo há alguns anos para grifar livros, escrever em livros didáticos feitos no desagradável papel couchê e escrever na minha agenda. Essas atividades ficam menos perigosas com as canetas apagáveis. Não corro o risco de danificar eternamente um livro, posso apagar as respostas erradas no livro de francês (coisa impossível com lápis normal em papel couchê) e apagar compromissos adiados ou cancelados na minha agenda.

Essas canetas vêm com um aviso - por motivos óbvios - de que não devem ser utilizadas para a assinatura de documentos oficiais e até aí tudo bem. Antes de chegar ao momento ridículo que me levou a escrever este post, preciso explicar que elas funcionam por fricção, ou seja, conseguimos apagar a tinta porque o calor gerado pelo contato entre a borracha que apaga e a tinta no papel faz com que ela suma.

Bom, em janeiro eu comecei um novo curso e comprei um caderno especialmente para fazer minhas anotações. Também comprei três canetas apagáveis novas, uma preta, uma rosa e uma verde. Já tinha usado por volta de umas trinta páginas escritas com conteúdos, gráficos, resoluções de exercícios, enfim, coisas que gostaria de lembrar.

Um belo dia de sol, estacionei meu carro numa vaga sem sombra. Fui dar minhas aulas e, para diminuir o peso da minha bolsa deixei o caderno e um livro que não iria usar dentro do carro. Terminei o dia de trabalho, entrei no carro e fui para um café aguardar o trânsito diminuir para poder ir para casa. Pedi minha tapioca com café e, enquanto esperava o pedido ficar pronto, tirei o caderno da bolsa e abri o curso no celular para continuar as leituras e exercícios. Eis que finalmente percebi que absolutamente todas as minhas anotações haviam sumido. Todas. Não tinha mais uma linha escrita. Nada. Tirando os exercícios que fiz usando lápis, o caderno parecia novo.

Tive uma crise de riso nervoso. Liguei e mandei mensagens para algumas pessoas a quem eu tinha recomendado a caneta apagável para fazer o alerta. Sim, o calor do carro estacionado no sol fez o papel da borracha e simplesmente evaporou a tinta da caneta. Eu não imaginei que isso pudesse acontecer. Foi um choque imenso. Minhas anotações de horas e horas de estudo agora estavam em branco. Como era um curso de 60 horas, imagino que pelo menos umas 30 horas tenham sumido com o calor do carro.

Assim que terminei meu lanche no café, fui a uma papelaria e comprei canetas esferográficas novas. Não deixarei de usar as apagáveis na minha agenda, pois sempre a deixo em casa, longe do calor extremo. Passarei a usar lápis para anotar nas margens dos livros. Fiz as anotações do restante do curso com as canetas tradicionais e não terei tempo de refazer o início para escrever tudo novamente. Ficará perdido mesmo.

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Fiquei pensando, depois de escrever esse texto, em como a mensagem principal poderia ter sido dada de maneiras diferentes. Se fosse um post de 280 caracteres, seria um drama bem mais curto. Eu poderia ter gravado um vídeo de 30 segundos e passar a mesma mensagem. Mas aí eu escolhi fazer um texto de 6 parágrafos sobre um acontecimento relativamente bobo. Risos.