Ano passado escutei obsessivamente um podcast sobre Charles Darwin e sua jornada até desenvolver a teoria da Seleção Natural e escrever A Origem das Espécies. É uma história impressionante de paciência, coragem e observação. Darwin observou liquens, formigueiros, bichos e mais bichos, a natureza, durante anos e anos. Inclusive, uma de suas primeiras viagens foi ao Brasil onde ele encontrou os nossos ecossistemas riquíssimos.
Por enquanto sou uma mera observadora das catástrofes climáticas. Ainda não fui atingida significativamente por nenhuma chuva ou incêndio grave. Em 2022, me vi no meio de uma tempestade, ilhada por horas num posto de gasolina dentro do carro e, quando finalmente consegui sair, o caminho de volta para casa foi desolador: lama na estrada, encosta deslizada no meio da pista, muitos pontos de alagamento, árvores caídas. Danos materiais impressionantes e mais de cento e vinte pessoas mortas na minha cidade.
Quando vejo no noticiário as imagens de terremotos na Ásia, incêndios na Califórnia, alagamentos no sul do Brasil, seca nos rios no Norte do país, só consigo pensar em como os seres humanos são a única espécie capaz de criar coisas que podem destruir a si mesmos. A nossa espécie é burra. Imagina se um tigre vai construir um prédio de concreto de 80 andares que pode cair na sua cabeça e esmagar seus semelhantes? Jamais um macaco pensaria em desmatar as árvores de onde tira sua comida para fazer uma casa mais confortável e bonita para sua família.
A teoria de Darwin mostrou a fragilidade da espécie humana. Nossa aparente inteligência não nos serve de absolutamente nada a longo prazo. Em breve, teremos os mesmo destino dos mamutes, dos dinossauros, do dodô, mas por culpa exclusivamente nossa. Porque desequilibramos a natureza em níveis incontornáveis. Já era. Do meu ponto de vista de mera leiga observadora, não tenho esperança alguma de que sobreviveremos enquanto espécie. A natureza vai buscar o reequilíbrio como sempre fez e nós seremos aqueles a desaparecer.
Eu vou enlouquecendo lentamente quando penso nessas coisas. Toda vez que saio de casa minha mente não para, é sempre "alá, derrubaram mais uma árvore", ou então "vai, constrói mesmo mais um condomínio cheio de concreto onde tinha uma mata", e também "cimentaram tudo e depois vão reclamar que tá calor". São coisas que não posso controlar, que me afetam e me fazem viver com cada vez menos esperança. Não há nenhuma boa notícia no meu entorno. Só destruição do meio ambiente, cimento, concreto, bichos morrendo da estrada porque não têm mais onde morar.
Esse texto ficará muito longo se eu trouxer questões do espírito? Sim, porém não ligo. Eu acho que, enquanto espíritos, sobreviveremos. Nossas almas talvez sejam levadas a outros planos, outros planetas, para podermos cumprir seja lá qual for a missão do sádico que criou tudo isso. No fundo, eu torço para que o apocalipse climático ocorra logo somente para aliviar logo o sofrimento dos espíritos ignorantes e dos que fazem alguma coisa. Para os esclarecidos que não fazem nada para mudar coisa alguma eu espero que sofram bastante (e eu não ligo de sofrer junto só por desejar isso, pode me levar pra arder no fogo do inferno).
Um último disclaimer antes de encerrar seria de que isso tudo o que escrevi é baseado nas minhas observações e impressões dos noticiários, do meu entorno, das atitudes das pessoas. O máximo de cientificidade aqui presente é a indicação do podcast sobre Darwin (esse, sim, muito bem pesquisado pelas divulgadoras científicas).
______________
Todas as fotos deste post foram tiradas por mim aqui onde moro. Esse porco-espinho vive nos fios e de vez em quando o vejo quando passeio com os cachorros. Os saguis são regulares aqui no meu jardim, eles sempre pedem banana e trazem a família toda pra lanchar (tem um filhote nessa foto). Na estrada, passo por vários ipês amarelos que são belíssimos quando florescem inteiros mais ou menos umas duas vezes por ano.
0 Comentários
Leave a comment