Dopamina 2

Caí num bait de seita do vale do silício e vim agora me retratar (risos). Como já venho passando vergonha na internet há vários anos, não tenho problema algum em dizer: errei. Ainda bem que nesses anos todos frequentando assiduamente a internet fiz webfriends maravilhosas que vieram me alertar nos comentários (obrigada, Ka <3).

Bom, meu erro foi, no post anterior, mostrar um vídeo que atribuía à dopamina um comportamento que é basicamente de vício. No episódio do podcast que a Ka me passou, (link para o episódio) os divulgadores científicos explicam bem melhor, então recomendo escutar se há alguma dúvida. Para resumir, neurotransmissor não regula comportamento. Então, quando se fala em "detox de dopamina" é apenas um modo de criar uma mentalidade de manada para as pessoas começarem a atribuir a culpa a qualquer coisa mais palatável, meio que publicizar a dopamina como culpada. Isso foi o que entendi do podcast muito resumidamente, mas achei interessante como tudo isso se originou na própria academia (um neurocientista de Harvard) e foi se espalhando até chegar em coach de comportamento e afins.

Além da parte científica (que não era o objetivo do meu post explicar essas coisas, eu estava apenas buscando uma razão para o meu comportamento), meu post falava sobre o vício em estímulos que dão prazer em detrimento das atividades menos prazeirosas, mas que darão resultado a longo prazo (estudo, leitura...). Acho que meu questionamento na verdade é: como me deixar o vício numa coisa que está sempre ali, que é tão fácil? Pegar o celular e checar as redes sociais ou qualquer outra coisa, até um joguinho, é algo socialmente aceitável. Diferente de fumar, por exemplo, que você precisa se retirar do lugar, ir ao ar livre etc. ou beber, que requer alguma situação social, ou sei lá, acho que deu para entender. O celular está sempre ali. Obviamente não é de bom tom ficar no celular o tempo todo durante uma aula, uma palestra, uma ida ao restaurante, no cinema, mas todo mundo entende se você precisa dar uma checadinha pra responder a uma mensagem rapidamente.

Eu noto que consigo resistir melhor a esses impulsos quando estou no trabalho e especialmente quando desinstalo as redes sociais. Meus intervalos entre instalar e desinstalar as redes já estão se tornando tão longos que os impulsos diminuem mais rapidamente. Entretanto, notei que substituo um vício por outro, por exemplo, instalando um joguinho novo, ou simplesmente checando as notícias no mesmo ritmo dos impulsos de checar as redes, ou seja, o vício está ali disfarçado.

Então, a pergunta que nós (no post anterior, algumas pessoas demonstraram essa mesma preocupação) fazemos seria: como vencer o vício nos prazeres proporcionados pelos aplicativos? Segundo os cientistas do podcast, é preciso ressignificar o tal do "jejum de dopamina" focando nos comportamentos positivos. Pelo que entendi, as pessoas que entraram nessa ideia normalmente criam grupos focados no detox (tenho um pé atrás com essa palavra detox) e contam as horas em que conseguiram ficar "sem estímulos". Essa ideia dos grupos é positiva, pois normalmente para se vencer um vício é preciso uma rede de apoio, mas o foco deveria ser nos comportamentos que cada um quer voltar a fazer, por exemplo, fazer exercício físico, ler mais, estudar. Em outras palavras, mais do que contar quanto tempo você ficou sem redes, é melhor monitorar os sucessos e celebrar com o grupo. Faz sentido.

Agora falta só encontrar um grupo de pessoas que se sente assim e ver se dá certo. Por enquanto, tenho usado o aplicativo Forest sozinha mesmo, me dando self-tapinhas nas costas quando consigo me concentrar nas leituras e estudos por mais de uma hora e chorando quando passo o dia paralisada sem conseguir fazer nada e ativando o celular a cada cinco minutos. De vez em quando minha mente me lembra da minha motivação para fazer isso: aprender. Gosto de aprender e me sinto bem quando estou com um livro, cadernos, lápis na mão estudando e quero resgatar essa concentração em minha vida. Seja na força do amor ou do ódio, eu espero melhorar pelo menos um pouquinho em 2025.

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4 Comentários

  1. Bom diia! Este podcast é muito bom. Espero que aos poucos consiga melhorar a impulsividade com redes sociais. Compartilhe por aqui. Conteúdos assim são sempre muito bons.

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  2. Vai dar tudo certo agora em 2025. Estarei acompanhando por aqui.

    Viva essa data! Simplesmente sou apaixonado por quadrinhos e seus quadrinistas.

    Boa semana!

    O JOVEM JORNALISTA está no ar com muitos posts e novidades! Não deixe de conferir!

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    Até mais, Emerson Garcia

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  3. Você que é maravilhosa, uabinha! ♥️

    Refletindo recentemente, percebi que ressignifiquei um pouco meu uso do celular: tenho passado muitas horas em trocas de áudios e ligações com amigos. Assim como você, desinstalei (na verdade desativei rs) todas as redes sociais, e me sinto mais conectada as pessoas agora do que quando rolava feeds e stories, sabendo passivamente sobre suas vidas (ou os fragmentos delas). Apesar disso, ainda sinto desejo de me afastar um pouco dessa trocinho brilhoso hipnotizante. Estava bastante orgulhosa lendo meu primeiro livro em espanhol, mas tem ao menos seis dias que ele está ali, no canto, me olhando e esperando quando retornarei, por exemplo... 🫠

    Usei o Forest muitos anos atrás, mas atualmente tenho me aventurado em outro, cujo nome particularmente detesto: Detox Digital.

    Bora fazer o grupo de reabilitação? haha

    Abraços (e como sempre, amei as fotos e o texto)!

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  4. Sempre tive um pé atrás com essa história de detox de dopamina justamente porque, como psicóloga e TDAH, entendo que a dopamina não é vilã coisa nenhuma, mas nunca fui muito atrás pra entender o que as pessoas tem falado sobre. Não ouvi o podcast que você citou (tenho dificuldade em prestar atenção a estímulos auditivos que não sejam música), mas pelo que você disse parece ser uma visão bem mais realista da dopamina, do seu papel no desenvolvimento de vícios e como combater isso.

    Sendo bem sincera eu não sei exatamente como desapeguei tanto do celular e das redes sociais. Ano passado foi um ano em que eu criei um asco do Instagram que hoje em dia só entro pra ver os reels que meu namorado manda, jdfghbaehjwf. O mais próximo de um vício em rede social que eu tenho é o Bluesky (e antigamente o twitter, claro), mas se eu passo 1h por dia na rede social é muito. Só sei que ano passado eu larguei tudo pelos livros e outras atividades mais "lentas", acho que planejei um "detox" inconscientemente e deu nisso.

    Mas isso que você comentou é fato: pra combater um problema de vício, a gente precisa encontrar outras atividades que a gente tem interesse. Não adianta só pensar em parar com algo porque se não o espaço fica vago. A ideia é a gente ir se envolvendo mais com outras atividades mais saudáveis e reforçando elas até que fique mais natural.

    Beijinhos!
    Camundonguinha

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