A vida me pediu para andar mais devagar. Não é hora de tomar nenhuma decisão importante. Umas cartinhas de tarô confirmaram o que minha intuição já vinha me pedindo: hora de ser uma lesminha. Entrar na minha casinha de caramujo e esperar que a próxima aventura se apresente.

É hora de viver lentamente. Ir contra a corrente das loucuras do final de ano. Sentar no jardim da universidade e observar as pessoas andando pra lá e pra cá. Notar o farelo de biscoito pintando meu vestido preto. Ser aterrorizada pelos fantasmas do livro. Esperar mais de meia hora pela carona. Olhar os segundos passando no joguinho enquanto uma nova vida me permitirá jogar novamente. Ouvir (e apenas ouvir) músicas. Assistir a um filme e pausar várias vezes deixando as lágrimas rolarem, absorvendo o que vi. Ajudar as pessoas. Notar as folhas novas nascendo novamente nas árvores violentadas pelos outros humanos. Me surpreender com minhas habilidades de jardinagem cada vez mais apuradas, salvando plantas, adubando corretamente, quem diria. Deixar umas espinhas nascerem e morrerem sem passar nenhum creme secativo. Ser tomada pela vida acadêmica e ao mesmo tempo aguardar que ela dê uma trégua, um alívio, em breve. Aceitar o carro lento que vai na minha frente na estrada, sem ultrapassá-lo. Observar Tereza tomando sol deitada na grama fechando os olhinhos. Fazer yoga. Desconectar. Desengajar. Desprecisar. Descansar? Ainda não.

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