Obsessões
Minha vida se apresenta em ciclos de obsessões. Um videogame que eu não consigo parar de jogar. Começo aos poucos, algumas horas na semana. Depois, todos os dias. Eu quero, eu preciso passar de fase. Mas aí o jogo não me dá mais as peças de que preciso, ele me engana, me faz passar raiva até desistir.
Eu escuto um disco de uma banda que gosto pela primeira vez. Gostei, interessante. Só escuto essa mesma banda por dias, depois o mesmo disco, a mesma música em looping. Escrevo a letra da música até memorizá-la. Quero morar naquela música, quero que ela more em mim eternamente. Aos poucos, chegam outras músicas, e ela vai sumindo das minhas playlists até virar memória.
Com filmes, a coisa complica. Posso ver o mesmo filme duas vezes seguidas, já fiz isso e não tenho vergonha. Posso passar meses sem ver filmes, mas também posso ver filmes todos os dias por meses.
Agora, os livros. Ah, os livros tão bonitos. As palavras me encantam mais do que tudo nesse mundo. Os mistérios das palavras. Como podem esses símbolos significarem tanta coisa? As junções infinitas que as letras são capazes de fazer, os significados diferentes, os significantes, as metáforas. Só dá pra viver metaforicamente através da linguagem. Das linguagens. Das línguas. Eu quero habitar nas palavras, quero plantá-las no meu jardim. Flores, folhas e palavras. Deitar na grama e sentir as palavras caindo em mim e o cheiro das flores. E agora? Não sei.
2 Comentários
Esse texto ressoa em mim, com a diferença que as vezes são as narrativas e momentos dos livros, as vezes dos filmes e séries, outras dos jogos que me encantam de uma forma que marca permanente. Pensava aqui que, no meu caso, seriam mais as histórias do que as mídias. Mas você só tem histórias porque existem as palavras, as palavras são de fato mágicas e misteriosas.
ResponderExcluirE eu quero habitar nesse seu texto.
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