Foto de um muro pintado onde está escrito em espanhol "que o amor não seja um perigo mortal, viva livre sem medo"

Quando uma guerra tão terrível está acontecendo no planeta eu sempre procuro colocar as coisas em perspectiva. Enquanto muitas pessoas estão fugindo de bombardeios, sem saber quando vão voltar para suas casas, comer uma refeição, ou ver sua família e amigos, eu estou, sei lá, escovando os dentes. Obviamente eu logo desvio esses pensamentos porque simplesmente não vale a pena e nada pode ser feito. Tão distante estou da guerra que qualquer gesto me parece a atriz pintando a unha de branco pela paz.

O que eu posso fazer, afinal? Talvez eu possa refletir sobre como a mídia está cada vez mais enviezada, relativizando crimes de guerra cometidos por um lado só porque é o lado que agrada os fundamentalistas religiosos que financiam as coisas e governam indiretamente o país. Como estão mostrando um lado como apenas terroristas, sendo que há outras pessoas, crianças, idosos, que não estão de acordo com os atos extremistas e só querem sair vivos do conflito. Eu não compreendo - nem tenho tempo para tentar compreender, a verdade é essa - as razões históricas da guerra.

Minha visão geral das coisas é que a humanidade segue rumo ao fim. Todos os dias parece que os horrores são muito maiores do que os momentos felizes. Eu sigo aqui vivendo os horrores das burocracias diárias do trabalho, de se viver num corpo que precisa ser alimentado, vestido e cuidado. As pessoas lá nos outros países seguem tentando sobreviver e isso é extremamente triste. Enquanto isso, as pessoas da mídia, os especialistas das redes sociais e meu tio fã de Israel porque é crente, tentam analisar a guerra e influenciar a opinião de outros como podem e até onde sua mente e sua moral permitem.

Também tenho a impressão de que todo mundo só consegue tomar qualquer atitude de forma virtual - e olhe lá. Ninguém mais vai pegar um pedaço de papelão, escrever uma frase de efeito e sair pelas ruas protestando porque simplesmente as ruas estão cheias de carros e pessoas caminhando com seus telefones nas mãos. E um protesto virtual muitas vezes só tem o efeito de Luciano Huck e outros ricos assinando um manifesto contra a guerra. Raramente algo virtual ultrapassa para o real. E tudo isso, obviamente, é baseado nas vozes na minha cabeça. Ou seja, nada adianta de nada e é melhor eu encerrar aqui.

1 Comentários

  1. Conheci teu blog hoje e essa foi a primeira postagem que eu vi. E eu nem sei explicar, parece que você colocou em palavras tudo que eu tenho pensado sobre essa guerra. Muito triste tudo o que tem acontecido né?

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