Dia quatrocentos e trinta
Hoje eu estou sentindo frio. Leio as notícias e meu corpo vai enfraquecendo. Acho que minha mente não tem mais como enfraquecer e agora é o corpo que sente. Não consigo inventar uma história, não sei mais escrever nada belo. Em meu caderno pessoal, só fatos. "Hoje eu trabalhei, varri o chão e esperei o consagrado chegar. Fim.". Os sentimentos guardados um pouco porque parei de sentir. Parei de sentir tudo, nem a passagem do tempo. Já disse aqui que os dias parecem iguais e continuo com esta sensação. Não reclamo de trabalho demais, ou de coisas para fazer pela casa. Simplesmente os faço. Assim mesmo, não sei se tem emoção, só espero que esteja dando algum resultado. Também desaprendi a conversar direito com as pessoas. Mesmo dando aula, só falo em inglês com meus alunos e não é a mesma coisa. Meus amigos sumiram. Não entro em contato com eles, nem eles comigo. Isso porque eu tenho, sei lá, uns cinco amigos no máximo. De vez em quando eu posto uma foto nos stories só pra não ser completamente esquecida por ninguém caso eu morra nesta pandemia. Meu único contato humano mesmo é com meu consagrado, mas ele passa alguns dias inteiros longe de casa e eu fico sozinha.
Enfim, só estou querendo escrever essas coisinhas mesmo aqui hoje porque não tem sido fácil ser parte da porcentagem cada vez menor da população que não está se aglomerando (e, por aglomerar, quero dizer ir visitar parentes e amigos também, não é só ir pra shopping). Não existe "protocolo de segurança" que me faça sentir segura porque não dependo apenas de mim e também não quero ser responsável por transmitir este vírus para alguém.
Usem máscara PFF2.
Só saiam se necessário.
Visitar parente também é correr riscos.
Pessoa vacinada também transmite o vírus.
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