Não sei até quando vou continuar contando os dias. Peguei um caderno que estava guardado sem objetivo e comecei um "diário da quarentena" desde o primeiro dia. Escrevi por vários dias, parei de escrever em alguns, mas segui contando. Não sei nem se vou ler este caderno algum dia.

Descrevi dias iguais e muito tédio. Os dias de abril parecem ter sido os mais esperançosos, fiz alguns planos, comecei cursos - até hoje esperando que eu os termine -, cozinhei alguns dias, cuidei do jardim, tentei fazer exercícios para conseguir abrir escala, entre outras coisas aleatórias ou nem tanto. Conforme os acontecimentos iam se dando no Brasil, a esperança foi diminuindo, dando lugar até ao medo. Me concentrei nas aulas online, tentando procurar materiais para facilitar minha vida e dos alunos. No diário, posso perceber como tive alguns dias de sucesso e outros bem frustrantes.

No fim de junho, defendi minha dissertação de forma remota, depois de quase três anos de caos que isso proporcionou na minha vida. Não pude comemorar com minha família e amigos, então não senti um alívio completo. Depois disso, parece que tudo caminhou lentamente e muitos dias foram exatamente iguais. Adotamos uma rotina em casa, e, até hoje, seguimos saindo somente para o necessário.

Conforme Agosto se aproxima, tenho escrito mais sobre meus medos da volta às aulas e sobre a tensão de ter que me mudar no fim do mês e ainda não ter encontrado um lugar para morar. Sim, o dono da casa pediu a casa de volta e vamos ter que sair. Ele avisou isso no meio de julho e, desde então, não conseguimos achar nenhum lugar mesmo navegando em todas as camadas dos sites de imóveis. O desespero está batendo na porta e acho que foi o mês em que mais chorei nesses cento e trinta e cinco dias.

Ontem escrevi no caderno sobre minhas aflições e medos. Esta noite sonhei com algumas coisas e pessoas que pareciam me ajudar a resolver algumas questões. Também me deparei hoje de manhã com alguns posts que me ajudaram a retomar uma pontinha de esperança em dias melhores. Viver um dia de cada vez, como escrevi lá no começo da quarentena em algum lugar. Fazer uma coisinha de cada vez porque agora são essas pequenas vitórias que vão nos fazer melhorar dos medos.

1 Comentários

  1. Realmente são dias difíceis. Força na peruca! Você consegue.
    Gostei do blog e estarei por aqui agora. Visite o meu blog também.

    Bom fim de semana!

    Jovem Jornalista
    Instagram

    Até mais, Emerson Garcia

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