Não sou deste planeta
Tem dias em que me sinto um pouco como Simone de Beauvoir. Não sou deste planeta, disso eu tenho certeza. Quanto mais as coisas vão aparecendo para mim, mais eu sinto que realmente não sou daqui. Porém, não acho que tenha errado o caminho. Simplesmente precisei vir aqui por algum motivo. Motivo este que ainda não ficou claro, mas sigo buscando entende-lo algum dia.
Eu concordo quando as pessoas dizem que o universo é muito grande para acharmos que somos os únicos seres que o habitam. Não faria o menor sentido haver algo tão imenso que somente fosse habitado por humanos. E os humanos são seres tão moralmente atrasados ainda, apesar das tentativas infinitas de tantas pessoas de mostrarem isso, seguimos insistindo nos mesmos erros ao longo do tempo, ignorando os exemplos de outras pessoas, falhando em termos empatia, sendo egoístas e cruéis.
Um aluno meu, já idoso, me contou que ficou impressionado outro dia ao encontrar um professor seu, de quase cem anos de idade, sentado sozinho tomando um café. Ao reconhece-lo, meu aluno passou um tempo conversando com ele, o professor, ao se despedir, pediu que meu aluno aparecesse para tomar café com ele, pois estava sempre ali, sozinho. E isso fez meu aluno refletir, apesar dele ter vários filhos e alguns netos, que estamos sempre sozinhos. No fim das contas, podemos até receber ajuda, um carinho, mas estamos sozinhos.
Eu acho que a solidão do ser humano é uma certeza. Ao mesmo tempo, precisamos de relações entre humanos para evoluirmos. Imagino aqueles monges que moram nos topos das montanhas e passam anos sem falar com ninguém. Como eles vão desenvolver os sentimentos que talvez nos façam crescer moralmente? Eu não precisaria ter alguém para falhar comigo para poder ter o sentimento de perdão em mim? Também não seria preciso haver pessoas a ajudar para poder fazer a caridade? E o que dizer do amor? Para mim, as relações humanas são necessárias e preciosas.
E é por isso que não fomos feitos para ficarmos sozinhos. Os momentos de solidão devem ser apreciados e aproveitados, claro. Entretanto, acredito que só poderemos evoluir moralmente nas relações com os outros. E, talvez, em outros planetas, em outras dimensões, outros seres podem já ter conseguido atingir este objetivo. Já nós, humanos, seguimos tentando todos os dias, através dos séculos, pelos diferentes graus de evolução pelos quais passamos e vamos passar.
Pra mim, as pessoas vão e voltam à vida na Terra justamente para evoluir. Na minha mente, faz todo o sentido a reencarnação. A pessoa nasce com o grau de evolução que conseguiu atingir até então, e as possibilidades vão aos poucos sendo a ela apresentadas para que possa ser cada vez melhor. Estamos habitando este planeta através dos tempos há milhares de anos. Portanto, já passamos por poucas e boas, sem luz, sem as invenções modernas, tendo que comer coisas cruas, entre tantas outras coisas.
Hoje em dia temos tecnologias, estudos e esclarecimentos que foram alcançados para conseguirmos atingir um novo nível na escala evolutiva. Imagina se tivéssemos internet nos tempos primitivos? Certamente seria uma loucura. E se alguém tivesse inventado o celular na Idade Média? Não faria o menor sentido. Por isso eu creio que temos exatamente o que necessitamos neste momento. Tanto em larga escala, pensando na humanidade em geral, tanto para cada indivíduo. A riqueza e a pobreza nos são dadas em quantidade suficiente para nosso bem, para buscarmos fazer com o que temos o melhor que pudermos. Ser rico, por exemplo, não significa automaticamente que a vida é fácil, - claro, em termos exclusivamente materiais é mais fácil sim - e sim como a pessoa vai lidar com a riqueza, como vai usá-la, é o que importa.
Esse "como usar" tem a ver com o que estamos fazendo aqui. E as pessoas podem falhar em suas missões. No meio do caminho, as missões podem mudar. As pessoas podem estar aqui também para reparar algum mal que tenham feito anteriormente. As pessoas também podem estar aqui para sair de um estado mais primitivo e evoluir.
Essas questões parecem estar muito claras na minha mente.
Entretanto, restam ainda muitas perguntas. Primeiro, quem criou os seres humanos? Obviamente, por tudo o que já escrevi até aqui, fica claro que acredito em Deus. Porém, o que é esta força cósmica - vou chamar assim - que resolveu criar os seres humanos com este objetivo? Talvez eu ainda esteja presa demais ao mundo material para entender. Vamos em frente.
Depois, por que motivo esta força cósmica criou os seres humanos? E, aparentemente, continua a cria-los? Essas perguntas eu não tenho nem a menor ideia de como responder. Pra mim, é uma pergunta diferente de "por que estamos aqui?", pois vai além. Ainda é um mistério muito grande, que nós, habitantes da terceira dimensão, ainda não estamos prontos para entender.
Acho que agora já fui longe demais nos meus questionamentos filosóficos. Eu gosto bastante de buscar entender os mistérios do universo, sempre gostei. Lembro muito da minha ansiedade para começarem as aulas de filosofia no ensino médio. Depois, na faculdade, a disciplina de filosofia era aquela que muitos queriam apenas passar, mas eu estava lá na frente anotando tudo. Enfim, quando resolvo escrever alguma coisa, é sempre este tema que meus dedos parecem se interessar mais em digitar a respeito.
Vou ficar por aqui hoje, com certeza não atingi o número necessário de palavras do dia, mas vou seguir tentando.
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