Aniversários - Parte II - 15 anos
Até então, poucos traumas na comemoração do meu aniversário. Porém, o drama começa agora. Estão preparados? (Até parece que tem alguém lendo!)
Meu aniversário de 15 anos ocorreu durante uma viagem da oitava série à Fortaleza. Era tradição na passagem para o ensino médio que os alunos fossem de excursão para fazer farra no Ceará. Isso envolvia: Beach Park, praias, ski bunda, farra em quarto de hotel, isso pra não falar de bebida e drogas (mas eu não era dessa turma). Nessa época, hormônios em chamas, eu tinha um crush num menino que parecia Frodo de O Senhor dos Anéis, mas era só isso mesmo o atrativo dele, pois era mais baixo do que eu e nem era tão inteligente. Ele sabia, todo mundo sabia, só faltava oportunidade. No dia do meu aniversário, todo mundo estava numa boate fechada só para os alunos do colégio, dançando a dança da manivela, onda olha a onda, entre outros sucessos do axé baiano e enchendo a cara num open bar de refrigerante. Estava eu com Frodo naquele vai não vai numa parte do primeiro andar da boate onde tinha uns sofás, minhas amigas fiscalizando de longe quando, de repente, a música para e o DJ anuncia: "Tem alguém fazendo aniversário aí?" e alguém grita meu nome. Gelada, vou pro parapeito e aceno, morta de vergonha. O DJ continua "Desce, desce, desce!" e os alunos gritam junto. Desci. Abriam uma roda. Uma amiga minha aparece com um bolo gigantesco cheio de velas. Todos os alunos começam a cantar parabéns. Sentia meu rosto ardendo de vergonha. Terminado o parabéns, velas sopradas, eu penso que vou poder cavar meu buraco no chão e morrer em paz, mas o DJ, empolgadíssimo, continua: "Tem um representante aqui, pra dar um outro presente huuuummmmm". Nisso, aparece Frodo, com um buquê de flores, e todos os alunos começam a gritar "Beija! Beija! Beija!". Frodo se aproxima, minha amiga incentiva e tira o buquê das mãos dele e pronto, sem nem entender direito como tinha ido parar ali, nem saber o que estava fazendo, estava beijando o menino. Sim, meu primeiro beijo foi em público, na frente de todo o colégio, no dia do meu aniversário de 15 anos. E lá se foi meu primeiro trauma relacionado a aniversários. O resto da viagem foi um inferno, todo mundo apontando pra mim, contando o que viu. No ônibus, tive que sentar junto de Frodo o resto da viagem e, olha, o beijo era ruim, bem babado. Voltando pra realidade, na escola, as pessoas comentaram o ocorrido durante umas boas semanas, mas eu nunca mais falei com Frodo, nem ele comigo, ficou por isso mesmo, apesar de todos acharem que a gente estava namorando. Talvez eu esteja até hoje, porque nenhum dos dois terminou o namoro realmente. Meus pais, depois que as fotos da viagem foram reveladas, perguntaram que era "o menino do olho abuticado que aparece o tempo todo", e meu irmão fez questão de dizer quem ele era. Há alguns meses encontrei Frodo no shopping, eu estava com meu noivo, todos colegas de sala, cumprimentamos, falamos amenidades. Quando ele já estava longe, meu noivo disse "olha, teu ex" e eu revelo que talvez a gente estivesse namorando até então e meu noivo realmente seja meu "outro".
Entretanto, meu aniversário de 15 anos não termina aqui, por mais que eu gostaria. Quando meus pais me perguntaram o que eu queria ganhar, pedi uma televisão no meu quarto e um DVD apenas. Porém, minha mãe usou de toda a sua "chantagem de mãe" para me persuadir a fazer uma festa daquelas bem bregas usando o argumento de que "suas avós estão muito velhinhas" (detalhe, elas estão vivas até hoje, mais de 15 anos depois). Eu não tinha nem 15 amigas pra puxar as famosas fitinhas do bolo! Mas, na cabeça da minha mãe, eu devia ser a menina mais popular da escola. Enfim, mesmo sem querer, participei da preparação, escolhi roupa, decoração, doces, fiz até book fotográfico e dancei valsa no dia. Para meu alívio, Frodo resolveu não ir para a festa - já estava claro que nosso "namoro" não ia continuar e o coitado não ia aguentar conhecer praticamente toda a minha família de uma vez. A festa seguiu tranquila, só um menino tentou levar uma garrafa de vodka pra beber e foi encontrado pelo meu pai que resolveu o problema de alguma forma que até hoje eu desconheço, e uns dois ou três penetras que achavam que ia ter bebida e se decepcionaram. Também consegui 15 meninas pra puxar a fitinha do bolo, muitas delas eu nem sei se estão vivas hoje. Eu teria ficado bem com a minha tv e dvd apenas, mas foi bom ter a memória desta festa.
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