Tenho visto muitas pessoas reclamando da internet. Uma repórter da Folha está fazendo reportagens semanais sobre seu progresso numa 'rehab' que inventou para si, pois se achava viciada demais na internet. Também li um relato no blog de um cara que deletou seu perfil no facebook porque estava 'viciado' e não aguentava mais rolar a timeline na esperança de surgir algo novo - que nunca surgia. Nos comentários deste post, uma pessoa dizia que a prima gastou horrores num casamento só pra mostrar aos outros - no facebook - que "podia", mas, dois meses depois, o marido morreu num acidente.

Dia desses fui jantar com amigos super conectados e seus iPhones não saíram da mesa. Aliás, meu namorado me perguntou se, em algum momento do dia, eles guardavam os celulares na bolsa. Era foto de comida, egoshot, instagram, aplicativos novos, facebook, não havia outro assunto. Nem quando começamos a falar sobre programas de tv, eles largaram os telefones.

Fora isso, parece que também está virando moda criar grupos no facebook para os funcionários das empresas "interagirem" e "trocarem ideias". A teoria é ótima, mas na prática... A princípio o facebook não seria um lugar para as pessoas trocarem informações pessoais, terem contato com familiares e amigos do colégio, da faculdade, etc? Além disso, ainda vemos dezenas de propagandas, políticos criando enquetes, refrigerantes, marcas de sapato, de roupas, tudo o que já estamos cansados de ver o tempo todo na rua, ainda temos que nos deparar até quando chegamos em casa, no momento de lazer do dia.

Ainda têm aqueles que compartilham a vida inteira na internet. Fotos do casamento, da formatura, do churrasco na casa da tia, de quando o cabelo tava bonito e a luz tava boa e a menina resolveu fazer um editorial caseiro da própria cara. Check-ins a cada minuto (opa, carapuça serviu pra mim), em qualquer lugar. Fotos de todas as refeições do dia no instagram, seja do pão com manteiga, até o barco de sushi do restaurante mais caro, não esquecendo do cupcake cansado de tanto assédio.

Claro, ainda precisamos de informação fresquinha. É legal saber tudo antes de todo mundo. Também é muito bom poder manter contato com os amigos de infância que não víamos há anos. E é muito interessante ver as fotos dos outros e saber o que fazem, onde estão e o que compram. Porém, como bem diz o ditado: tudo em exagero faz mal.

A internet está cansando. O mundo real parece bem mais interessante agora. As máscaras estão caindo por aqui e todo mundo sabe que aquele churrasco terminou em barraco, que a formatura não foi tão épica assim, e que você só colocou a foto do dia do cabelo lindo para todos comentarem "linda" embaixo. E não apenas isso. Ninguém quer saber por onde você andou hoje, o que você comeu e com quem você saiu. Isso mesmo, ninguém quer saber. Por que as pessoas insistem em compartilhar essas coisas? Se sentem mais especiais?

Porque eu também compartilho essas coisas no twitter, no instagram, no foursquare, etc. e, cada vez mais, me sinto patética. Ninguém quer saber da minha vida e eu não quero saber da sua. Eu não vou mostrar meus tweets para o meu filho, nem meus check-ins no foursquare irão parar no meu currículo. Não sei, mas, pensando assim, deve ser por ter percebido isto (e outras coisas), que as pessoas do início do post estão procurando diminuir a internet em suas vidas. E eu também vou tentar.


1 Comentários

  1. Ainda tenho me permitido pelo menos os finais de semana completamente offline! Já basta todo o bombardeio (que recebemos e disparamos) de segunda a sexta-feira. A vida "real" é definitivamente mais interessante que a virtual!

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