Quando não estou escrevendo, eu simplesmente não sei como se escreve. E se não soasse infantil e falsa a pergunta das mais sinceras, eu escolheria um amigo escritor e lhe perguntaria: como é que se escreve?

Por que, realmente, como é que se escreve? que é que se diz? e como dizer? e como é que se começa? e que é que se faz com o papel em branco nos defrontando tranquilo?

Sei que a resposta, por mais que intrigue, é única: escrevendo. Sou a pessoa que mais se surpreende de escrever. E ainda não me habituei a que me chamem de escritora. Porque, fora das horas em que escrevo, não sei absolutamente escrever. Será que escrever não é um ofício? Não há aprendizagem, então? O que é? Só me considerarei escritora no dia em que disser: sei como se escreve.

(Clarice Lispector, retirado do livro "Crônicas para jovens: de escrita e vida", 2010)

Não sou super fã de Clarice, só li uns dois livros dela, mas achei este texto tão cheio de significado, pelo menos pra mim, que achava que, para escrever, a gente deveria ter um momento especial de internalização. Não é nada disso, escrever simplesmente acontece.

3 Comentários

  1. AMO a Clarice Lispector e acho que vc ainda ode se identificar com muito do que ela escreveu.

    Beijos!!

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  2. É assim.

    Às vezes as minhas inspirações surgem no banho, na fila do banco ou até no dentista!

    :)

    beijo

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  3. Pois é, acontece DO NADA e nos momentos mais inesperados: no meio da aula, dentro do elevador, durante o banho...

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