Professores de arquitetura

Arquitetura é uma briga de egos. Sempre tem alguém que se acha melhor que todos os outros. Cada um quer ter uma idéia inédita, inovadora, fazer uma obra que fique marcada. No curso de graduação de uma universidade pública a coisa piora dez vezes. Cada professor quer mostrar aos alunos que sabe mais, que toca o terror.

O projeto não é realmente seu, é do professor. Você, como um mero estudante, deve se curvar perante a opinião dele, porque se não... sua cabeça vai rolar pelo menos umas duas vezes na mesma matéria. Não adianta bater de frente, trazer livros, provar seu ponto de vista como um advogado de si mesmo. O professor tem o poder da nota, da experiência, ele "sabe mais" que você.

Eu já me conformei que só terei liberdade de projetar depois da graduação. Por enquanto, em meus projetos fictícios, se o professor disser que ficaria ótimo colocar uma janela no teto, eu coloco a bendita janela, tiro minha nota boa e passo por média sem confusões. Ainda há gente que não compreende isto, mesmo depois de uns 5 semestres sofrendo. É, acontece.

Só que, neste semestre, estou com um professor que, em sua segunda aula, perguntou a todos os alunos: "Qual a sua intenção no curso?". Só que ele não ouviu a resposta que ele queria ouvir. Todo mundo respondeu coisas como, "não sei", "aprender", "ser arquiteto", "me formar". Mas o que ele realmente queria que alguém respondesse era: "ganhar dinheiro". E eu, numa resposta automática, falei sem pensar nas consequências: "Professor, se for pra ganhar dinheiro, tem coisa muito mais fácil e rápida que arquitetura para fazer hoje em dia". Ele olhou pra mim com uma cara péssima e... riu! Voltou para o resto da turma e disse: "Tá bom, então a intenção de vocês é serem felizes..." e continuou fazendo com que nos sentíssemos as piores criaturas, com medo de seguir no curso e não sermos felizes.

Sinceramente, que filho da puta! Ele não tem o direito de questionar nossa intenção no curso e querer que a gente queira o que ele quer. É um ridículo. Nunca tinha passado por um professor tão pedante e cheio de si como este. E o pior: a turma não pode fazer nada. Servidor público, sabem como é?! Só vai sair da universidade aos 70 anos. Daqui pra lá a gente que aguente.